MALVINA

Em uma noite escura de 4 de setembro de 2009, começava o que parecia ser apenas mais um dia comum nas ruas de Envira.

Uma jovem chamada Malvina estava na praça, bebendo e se lamentando por sua vida miserável e triste – uma cena já rotineira. O clima estava mais denso do que o normal. Após tomar algumas cervejas, Malvina decidiu dar uma volta. Enquanto admirava a vista à beira do rio, seus pensamentos a levavam a desejar desaparecer, apagando toda a sua dor. Por um breve momento, seus pensamentos a elevaram, mas logo ela escorregou e caiu no rio. Em vez de tentar nadar para se salvar, talvez devido ao alto nível de álcool em seu corpo, ela viu na situação uma solução, e permitiu que a correnteza a levasse. As águas a arrastaram, e Malvina foi dada como desaparecida. Algum tempo depois, foi oficialmente considerada morta. Naquela época, a cidade ficou espantada com o ocorrido.

Dez anos se passaram desde sua morte, mas as pessoas que vivenciaram a história de Malvina a contam para seus filhos, parentes e netos como um alerta contra o excesso de bebida e as más companhias.

Dizem que seu espírito ficou preso naquele rio, destinado a trazer sofrimento e dor àqueles que ela escolhe como suas vítimas. Uma semana antes da data de sua morte, Malvina escolhe sete jovens rebeldes para serem suas próximas presas. Cautelosamente, espera que fiquem embriagados para então atraí-los até o rio. 

Como ela faz isso?

Malvina assume a forma dos desejos mais obscuros de cada um ou de um parente querido que eles desejam ver novamente. Ao chamar cada jovem para o rio, ela espera que se aproximem da água e olhem seus próprios reflexos. Então, em um piscar de olhos, surge com um impulso feroz, crava suas unhas e os arrasta rapidamente, sem que haja qualquer grito ou barulho.

No dia de sua morte, 4 de setembro, os sete corpos reaparecem à beira do rio, sem vida. A única marca deixada são buracos na lateral esquerda do pescoço, como se fossem feitos por unhas.

Quando os médicos realizam a autópsia, descobrem que 80% do sangue das vítimas se transformou em álcool, e todas apresentavam cirrose hepática – uma doença que normalmente leva pelo menos 15 anos para se desenvolver.

Após o fato inexplicável, os médicos desistiram de tentar explicar o que acontecera aos familiares e concluíram que as mortes ocorreram por um possível afogamento, associado ao uso excessivo de álcool.

Ninguém sabe quando Malvina voltará a atacar, nem quais artimanhas usará. Mas todos têm certeza de uma coisa: seu espírito ainda não descansou. Pode demorar 5, 10 ou até 15 anos, mas ela sempre volta para tirar a vida de outros jovens que cometem o mesmo erro.

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